O vereador de Santarém, Biga Kalahare, reeleito pelo Partido dos Trabalhadores (PT ), no último domingo (6), foi atingido por um projétil de arma de pressão após a carreata que comemorou sua vitória nas eleições municipais. Biga estava em uma esquina do bairro Maracanã, falando com apoiadores, quando foi atingido de raspão pelo objeto que cortou seu queixo.
Os assessores conseguiram identificar a bala de chumbinho que o atingiu e a direção em que foi disparada. O autor do ataque ainda não foi identificado.
O episódio envolvendo Biga evidencia, mais uma vez, a intensificação da intolerância política e social no Brasil, sobretudo contra representantes da comunidade LGBTQIA+. O ataque reforça o cenário de polarização e hostilidade, no qual discursos de ódio e agressões físicas são empregados na tentativa de intimidar figuras públicas.
A situação torna-se ainda mais alarmante diante da disseminação de discursos violentos em redes sociais, como uma mensagem que circulou em grupos de WhatsApp, incitando abertamente à violência contra o vereador. Tais manifestações não apenas refletem a intolerância presente no contexto social, mas configuram-se, de acordo com o Código Penal, como crimes de ameaça e incitação ao crime.
Em uma das mensagens, um usuário diz: "Vagabundo desse filho da p... nojento, merece é uma bala no meio da cara pra parar de tá fazendo graça filho duma égua desse. A classe dos nojentos igual ele cambada de viados filhos da p... vagabundos nojentos foi os que votaram nesse otário fala sério".
O vereador, que já havia sido alvo de ataques homofóbicos em 2021, durante o seu primeiro mandato, continua a sofrer agressões, o que demonstra que, apesar dos avanços em políticas de inclusão e representatividade, ainda persistem desafios no combate à homofobia e na garantia da integridade de políticos que enfrentam esse tipo de violência.
A Câmara Municipal de Santarém, diante dos recorrentes episódios de ofensas e ataques contra o vereador, já havia se manifestado, em 2021, repudiando os insultos dirigidos a Biga Kalahare e prestando solidariedade ao parlamentar, que é o único representante da comunidade LGBTQIA+ na referida Casa legislativa.
O vereador, juntamente com o seu jurídico, provocou a Polícia Civil, que apurará o fato supostamente criminoso e formalizou o requerimento de investigação.