Portal de Notícias Administrável desenvolvido por Hotfix

Conquista

Indígenas comemoram resolução que facilita incluir sobrenome étnico no registro civil

A mudança também proporciona inclusão da aldeia ou território ao lado do município de nascimento


Preservar o direito à identidade, à integridade cultural dos povos indígenas, mantendo costumes, línguas, crenças e tradições ancestrais é um direito, que a partir de agora será reforçado com a inclusão da etnia como sobrenome no registro civil. E que ainda conta com outras novidades.

Este mês, houve mudança na resolução conjunta CNJ/CNMP Nº03/2012, que regulamenta o registro civil de indígenas nos cartórios de todo o país, aprovada pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ela também extingue a exigência do Registro Administrativo de Nascimento de Indígena (Rani), criado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), em 1973.

A nova medida está sendo bastante comemorada até por quem já possui o nome étnico no sobrenome, porque inclui a possibilidade de incluir nome do território ou aldeia, juntamente do município de origem de nascimento.

"Registrar o territorio indigena junto ao municipio reafirma a identidade cultural e territorial de cada povo indigena. Isso ajuda a evitar que indigenas sejam identificados apenas pelo nome de uma cidade, sem o reconhecimento de sua relac?a?o com seu territorio ancestral. A mudanc?a reconhece a pluralidade dos povos indigenas e suas diferentes formas de organizac?a?o territorial e isso e muito bom", destacou Tainara Kirixi Munduruku, Gestora Publica em Desenvolvimento Regional.

Ela acredita que as mudanças significam um avanc?o fundamental para o reconhecimento dos direitos dos povos indigenas e evita um problema. "É um avanc?o significativo na valorizac?a?o da identidade e no respeito aos direitos culturais e individuais das populac?o?es indigenas.O sobrenome e uma das principais expresso?es da identidade cultural de um povo. A inclusa?o do sobrenome etnico fortalece a autoestima e a preservac?a?o das tradic?o?es indigenas, permitindo reconhecimento conforme a ancestralidade de cada povo", concluiu Tainara.

Assim como a Tainara, a psicóloga, artista e artesã Regilanne Guajajara também carrega as suas origens e raízes no sobrenome. Para ela, a importância do nome étnico é um direito fundamental que já deveria existir há muito mais tempo. "É um marco histórico. É uma conquista muito grande, porque podemos valorizar ainda mais a nossa cultura, através do nosso sobrenome étnico nas nossas certidões é algo que pra gente é fundamental", ressaltou.

Muitos indigenas enfrentam dificuldades ao tentar incluir ou retificar seus nomes em documentos oficiais. Mas a nova resoluc?a?o facilita esse processo e reduz burocracias administrativas .Antes da mudança, o indígena precisava da autorização de um juiz para que a etnia fosse inserida nos documentos oficiais, como a identidade e certidão de nascimento.

Com a alteração da resolução, o próprio indígena interessado na inclusão do sobrenome étnico pode solicitar diretamente em qualquer cartório, podendo ser também em língua nativa. A iniciativa proporciona que indígenas adultos possam ser beneficiados com a facilidade de acesso a programas sociais e isso acarreta também na identificação e em um quantitativo mais assertivo de povos originários no país.

"Isso vai nos fortalecer mais, porque sabemos que somos mais de 300 povos no Brasil com mais de 200 línguas faladas. Agora iremos poder saber se existem mais indígenas, se existem mais línguas e tudo isso é necessário para mostrarmos à sociedade que nós também temos o direito de ter os nossos sobrenomes étnicos nas nossas certidões. São espaços que a gente vem conquistando cada vez mais", enfatizou.

Para a coordenadora de Proteção Territorial e Promoção do Bem Viver dos Povos Indígenas da Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi), Kassia Farias, a orientação é que os indígenas do Estado do Pará que desejam fazer a inclusão do sobrenome étnico no registro civil, se encaminhem ao cartório mais próximo e façam a alteração.

"Diante dessa mudança, nós orientamos que os novos registros possam ser realizados em conformidade com a nova resolução. É direito dos povos indígenas que o nome da sua etnia seja reconhecido nos registros oficiais, assim como o nome da sua aldeia e território", finalizou.

Fonte: Agência Pará

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!