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Saúde

Campanha Maio Roxo alerta sobre doenças inflamatórias intestinais

PrevalĂȘncia cresce 15% de 2012 a 2020, diz estudo com pacientes do SUS


A Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) realiza neste mĂȘs mais uma edição da campanha Maio Roxo, para alertar a população sobre as doenças inflamatórias intestinais (DIIs), que se caracterizam pela inflamação do trato gastrointestinal e podem atingir da boca ao ânus. Ao longo do mĂȘs, a SBCP divulgarĂĄ textos e vĂ­deos no Portal da Coloproctologia para esclarecer as principais dĂșvidas que envolvem as DIIs. A campanha destaca o Dia Mundial das Doenças Inflamatórias Intestinais, no próximo dia 19.

O diretor de Comunicação da SBCP, Helio Antonio Silva, disse à AgĂȘncia Brasil que as doenças inflamatórias intestinais, muitas vezes subdiagnosticadas, tĂȘm aumentado muito no Brasil. A campanha visa alertar a população e também os médicos sobre essas doenças, cuja prevalĂȘncia aumentou 15% entre 2012 e 2020, conforme estudo feito por pesquisadores da PontifĂ­cia Universidade Católica do ParanĂĄ com 212 mil pacientes do Sistema Único de SaĂșde (SUS).

A prevalĂȘncia das doenças inflamatórias intestinais alcançou 100 casos para cada 100,1 mil habitantes. Em 2012, era de 30 por 100 mil habitantes. A maior concentração foi registrada nas regiões Sudeste e Sul do paĂ­s. O estudo foi publicado na revista internacional Lancet, em 2022, e pode ser acessado neste link. No mundo, as DIIs acometem mais de 5 milhões de pessoas.

O médico Paulo Gustavo Kotze, membro titular da SBCP e um dos autores do estudo, destacou que os dados apurados não incluem casos do sistema de saĂșde suplementar, mas apenas casos da rede pĂșblica. Kotze disse que o aumento do nĂșmero de casos pode ter relação com o estilo de vida ocidentalizado, a dieta e o perfil genético dos pacientes.

Sociedade industrializada

No Sul e no Sudeste, a incidĂȘncia jĂĄ é parecida com a de paĂ­ses europeus. Segundo o médico, a doença é tĂ­pica de sociedades mais industrializadas. "Uma alimentação mais natural protege. O Brasil sempre foi considerado um lugar de incidĂȘncia baixa de DIIs, mas, no século 21, tem aumentado muito, assumindo caracterĂ­sticas de paĂ­ses mais ao norte da Europa, onde a incidĂȘncia é maior ainda", disse Silva.

Segundo o diretor da SBCP, ainda não se sabe qual a causa das DIIs. "Parece que é multifatorial." O aparecimento dessas doenças pode estar ligado a fatores como histórico familiar, alterações no sistema imune, mudanças na flora intestinal, alimentação e influĂȘncia do meio ambiente. O tabagismo, por exemplo, é fator de risco comprovado para agravamento da doença de Crohn.

Hélio Silva salientou que o objetivo da campanha é conscientizar as pessoas de que a doença existe, para que os pacientes procurem ajuda especializada e para que os médicos não especialistas lembrem que o tratamento tem de ser feito de forma correta, com a realização de exames como a colonoscopia.

Sem cura

As doenças inflamatórias intestinais não tĂȘm cura. As mais comuns são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Adolescentes e jovens adultos são os mais afetados pelas DIIs. "São doenças crônicas em que se consegue um bom controle, mas o paciente não pode ficar sem o medicamento. O tratamento não é uma cura definitiva. O tratamento é para controle".

Os principais sintomas são diarreias que duram mais de 15 dias, diarreias recorrentes com cólicas, sangue, muco ou pus nas fezes, perda de peso, urgĂȘncia evacuatória, falta de apetite, cansaço. "São os sinais mais comuns das duas doenças inflamatórias intestinais. Acendem o alerta para que o paciente procure um especialista, que pode ser um médico gastroenterologista ou proctologista."

Em casos mais graves, observam-se ainda anemia, febre, desnutrição e distensão abdominal. Cerca de 15 a 30% dos pacientes podem apresentar ainda manifestações extraintestinais como dor nas articulações, lesões de pele ou nos olhos, diz a Sociedade Brasileira de Coloproctologia.

A dieta é fundamental no tratamento das DIIs, porque bons hĂĄbitos alimentares podem evitar crises, prevenir o desenvolvimento da doença e manter a remissão, diz a SBCP. A dieta deve ser individualizada, conforme o estado do paciente e fase em que se encontra, e orientada por equipe multidisciplinar que inclui médicos e nutricionistas.

AgĂȘncia Brasil

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