A Cooperativa dos Trabalhadores Agroextrativistas do Oeste do Pará (ACOSPER), o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR), e o Projeto Saúde e Alegria (PSA) estarão promovendo no próximo dia 19 a inauguração do Ecocentro da Sociobioeconomia, com a presença ministerial de representantes de três países (Brasil, Alemanha e Noruega), autoridades, comunidades, parceiros e apoiadores.
O Ecocentro está situado no antigo galpão de borracha da ACOSPER, junto à sede do STTR na rodovia BR 163 (Santarém-Cuiabá). O espaço foi revitalizado como um polo de bioeconomia de base comunitária. Conta com equipamentos de ponta para o beneficiamento do mel, conservação de polpas de frutas, extração de óleos vegetais e essenciais, destilação de copaíba e outros insumos, se constituindo em um espaço referência de multiprocessamento, armazenamento e comercialização de produtos da sociobiodiversidade na região do Oeste do Pará.
"É mais um sonho virando realidade, uma nova etapa do Programa Floresta Ativa implementado pelo Projeto Saúde e Alegria em parceria com as organizações", comemorou Caetano Scannavino, coordenador do PSA. Historicamente a ONG apoia comunidades e aldeias na coleta de sementes, restauração florestal, recuperação de áreas degradadas, melhoria dos roçados através dos sistemas agroflorestais, sobretudo com espécies para segurança alimentar e de valor de mercado. "Agora com o Ecocentro, será possível agregar valor a toda essa produção comunitária. Ao invés de vender sementes "in natura", poderão por exemplo aumentar as receitas ao comercializá-las na forma de óleos ou manteigas. E diretamente, sem atravessadores. Taí o povo agroextrativista do Tapajós mostrando que é possível sim um outro tipo de desenvolvimento, a partir das vocações e culturas locais, e com a floresta em pé" – complementa.
Para a Acosper, o momento é considerado histórico para apresentação e confraternização pela instalação do empreendimento que integra a sociobioeconomia regional. "Atualmente já estamos trabalhando no ecocentro da com as cadeias de valores do mel de abelha sem ferrão, que por sinal conquistamos o selo artesanal de qualidade junto a deparar a extração de óleo de andiroba, manteiga de semente de cupuaçu e borracha extraída de seringueiras. Brevemente estaremos trabalhando na produção de óleos de copaíba e despolpadeira de frutas", contou o presidente Manoel Edvaldo.
Com contratos assinados com grandes empresas como a Natura e Veja, o local está habilitado para negociações com outros empreendimentos, além da venda direta aos consumidores locais, que poderão visitar o espaço e adquirir óleos de andiroba, murumuru, tucumã, piquiá, açaí, patauá, manteiga de cupuaçu, méis, polpas e outros itens da sociobio manejados por produtores da Resex Tapajós-Arapiuns, Pae Lago Grande, Arapixuna e Várzea. A Engenheira Florestal Projeto Saúde e Alegria, Laura Lobato, ressalta que acompanhar todo o processo, desde a coleta ao envase do produto, contribuiu para o fomento da estratégia às comunidades:
"Nós estávamos sonhando com isso já há muito tempo. A indústria em si, foi pensada justamente para ligar todas as nossas atividades. Os SAFs estão sendo implantados nas comunidades e a ideia é que também a matéria-prima, cupuaçu, andiroba, que saiam desses safs, que são espécies, cheguem até aqui também para serem beneficiadas"
O Ecocentro
O Ecocentro é um empreendimento estratégico da Acosper, planejado de forma modular, com as instalações iniciais em duas estruturas físicas:
Agroindústria – Galpão de Beneficiamento: Nesse espaço, os técnicos operam máquinas para processar óleo de andiroba, semente de cupuaçu e óleo de copaíba. Esses produtos são essenciais para a economia local e têm grande potencial de mercado.
Casa do Mel de Abelhas sem Ferrão: Além dos óleos, o Ecocentro também abriga uma estrutura dedicada à produção de mel por abelhas sem ferrão. Essa iniciativa está alinhada com a estratégia dos cooperados da Acosper, proporcionando oportunidades para as famílias envolvidas. Com o selo de inspeção da Adepará, o mel está apto para comercialização.
Com a participação da juventude e cadastro de famílias do polo Tapajós-Arapiuns e Floresta Nacional do Tapajós, a previsão é de que a Agroindústria garanta escoamento da produção local. Além de manejar áreas nativas da floresta, os extrativistas e agricultores também estão plantando espécies não-madeireiras, promovendo o reflorestamento em áreas anteriormente desmatadas.
"Manter a floresta em pé é isso. É manter a produção em harmonia com a floresta e pensar na sobrevivência das pessoas. É um momento de celebrar uma das vitórias. Hoje a gente comemora e nos alegra ainda mais" – Ivete Bastos, presidente do STTR-STM.
O Floresta Ativa tem prestado assistência técnica aos agricultores e extrativistas para melhoria da segurança alimentar e da renda familiar, com práticas que aumentam a produtividade, diversificam a produção, recuperam áreas degradadas e reduzem a necessidade de abertura de novas áreas, do uso do fogo e riscos de incêndios florestais. A cada ano, novas famílias se mobilizam para restauração florestal, coleta de sementes, produção de mudas, implantação de SAF"s (sistemas agroflorestais), culturas de quintal, pequenas agroindústrias, manejo para extração não-madeireiros, e criação de abelhas sem ferrão. Nesta empreitada, conta com o financiamento de apoiadores como o BNDES e Rewild, CAF, Natura, FUNBio, WWF Brasil e Good Energies.
"Nossa estratégia é fortalecer as comunidades, suas estratégias de sobrevivência, suas infraestruturas, seus modos de vida, investindo em várias frentes. Saúde, educação, infraestrutura e economia" – Davide Pompermaier, coordenador do Floresta Ativa/PSA.
Fonte: Projeto Saúde e Alegria