Santarém está entre as sete cidades do Pará escolhidas para o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2024), promovido pelo Ministério da Saúde. A pesquisa, iniciada em 3 de junho e com término previsto para o mês de outubro, tem como público-alvo famílias com crianças de até 6 anos, será realizada por meio de visitas domiciliares. O objetivo é avaliar práticas de aleitamento materno, hábitos alimentares, estado nutricional antropométrico e deficiência de vitaminas e minerais.
Os entrevistadores, identificados por camiseta e crachá, realizarão três atividades principais:
1. Entrevista com mães ou cuidadores sobre amamentação e alimentos consumidos no dia anterior, para avaliar o aleitamento materno e o consumo alimentar.
2. Medição de peso e altura/comprimento das mães biológicas, crianças e bebês, para classificação do estado nutricional conforme os padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS).
3. Agendamento de uma segunda visita domiciliar para coleta de sangue de mães e crianças maiores de seis meses. Serão realizados hemograma completo e análise de marcadores de deficiência de vitaminas e minerais.
Se necessário, as famílias serão encaminhadas ao posto de saúde para acompanhamento. As amostras biológicas comporão um biorrepositório para análises complementares futuras.
Além de Santarém, a pesquisa será realizada em Belém, Ananindeua, Cametá, Castanhal, Marabá e Parauapebas. No Pará, o ENANI-2024 visitará 980 famílias com crianças de até 6 anos.
A iniciativa está sendo conduzida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenada em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Federal de Goiás (UFG). A pesquisa do Ministério da Saúde visitará 15 mil famílias em todo o Brasil.
O coordenador nacional do ENANI-2024, Gilberto Kac, explica que crianças de até seis anos são mais suscetíveis às deficiências nutricionais, especialmente em relação ao crescimento linear e a micronutrientes essenciais, como ferro, vitamina A e zinco.
"O ENANI-2019 mostrou que, naquela época, metade das famílias brasileiras com crianças na faixa etária do estudo vivia em insegurança alimentar. A pesquisa também revelou que 80% das crianças brasileiras menores de cinco anos já consumiam alimentos ultraprocessados e que 10% dos pequenos — e metade de suas mães — estavam acima do peso. Agora, vamos atualizar e aprofundar esse quadro", adianta Kac, que é professor titular da UFRJ.
Kac destaca que a perda de renda e a redução no acesso a serviços de saúde durante a pandemia afetaram diretamente a nutrição infantil, criando vulnerabilidades imediatas e riscos a médio e longo prazo.
"Conhecer esse cenário nos permitirá apoiar o redirecionamento de políticas públicas. Além de contribuir com a orientação de ações em nível nacional, o estudo fornecerá evidências que, somadas às produzidas em outros países, serão úteis para compreender os impactos da pandemia globalmente", afirma.
Fonte: Prefeitura de Santarém