Com o início do período chuvoso, o alagamento de habitats naturais leva cobras, escorpiões e aranhas a migrarem para áreas urbanas, aumentando o risco de acidentes. Segundo os dados do Núcleo de Epidemiologia do HMS e da UPA, do total de 68 atendimentos, 29 foram provocados por arraias, 24 por cobras, 10 por escorpiões e 5 por aranhas.
Outro caso recente foi o de dona Isonete Silva, que foi picada por um escorpião amarelo enquanto limpava o quintal.
"Estava juntando as folhas e, quando agarrei com as duas mãos, senti uma pontada e muita dor. Minha mão começou a inchar, senti uns choques e uma dor insuportável. Aí vim para o hospital municipal e estou recebendo tratamento", contou.
O infectologista do HMS, Dr. Alisson Brandão, destacou que o período chuvoso cria condições ideais para que animais peçonhentos saiam de seus habitats em busca de abrigo.
"A umidade e as enchentes forçam esses animais a deixar tocas e ambientes subterrâneos, invadindo quintais, entulhos e até residências. Isso aumenta os riscos para as pessoas, especialmente em atividades domésticas e ao circular em áreas alagadas ou com vegetação densa", explicou.
O especialista reforçou medidas preventivas para reduzir esses riscos.
"Manter os terrenos limpos, livres de materiais acumulados, é uma das formas mais eficazes de evitar a presença desses animais. Além disso, ao realizar atividades em áreas de risco, como terrenos baldios ou matas, é essencial utilizar calçados fechados e luvas para proteção. Não se deve esquecer de inspecionar roupas, calçados e toalhas antes de usá-los, pois esses animais podem se esconder nesses locais", orientou.
Caso ocorra um acidente, Dr. Alisson alertou para práticas inadequadas que podem agravar a situação.
"Práticas como amarrar o local da picada, tentar sugar o veneno ou realizar cortes na pele são extremamente prejudiciais. O torniquete, por exemplo, pode comprometer a circulação sanguínea e causar necrose, enquanto o uso de substâncias caseiras, como álcool ou alho, pode levar a infecções graves", explicou.
O especialista enfatizou a importância de agir corretamente nesses casos.
"O ideal é lavar o local, manter o membro elevado e procurar imediatamente um serviço de saúde. Se possível, observar as características do animal responsável pela picada ou tirar uma foto pode ajudar no diagnóstico e no tratamento correto", acrescentou.
No Pronto Socorro Municipal (PSM), os profissionais estão preparados para atender esses casos, com medicamentos específicos, como soros antivenenos, e uma equipe capacitada para oferecer o melhor atendimento possível aos pacientes.